Prédios de São Paulo - vol 03
Agora é a sua vez
“Kublai Khan permanece em silêncio, refletindo. Depois acrescenta:
- Por que falar das pedras? Só o arco me interessa.
Polo responde:
- Sem pedras o arco não existe"
trecho de As Cidades Invisíveis, Ítalo Calvino
Fazer de um viaduto equivocado um parque, ou deitá-lo abaixo. Criar ciclovias ou faixas para veículos. Grafitti ou muros verdes.
Quando o assunto é São Paulo a divergência de opiniões tende a atingir extremos com a mesma força de quem luta com unhas e dentes para defender algo que ama, algo que acredita ser seu.
Talvez seja tamanha apropriação de seus moradores o motivo pelo qual o projeto Prédios de São Paulo une todos os divergentes em uma rara unanimidade.
Ninguém fica indiferente ao conjunto construído que forma esta cidade.
Podemos pensar que são estes prédios que fazem a cidade existir, como peças de um quebra-cabeças em constante crescimento. Mas estaremos enganados. As verdadeiras pedras que formam este arco não são os edifícios, mas seus agentes responsáveis: as pessoas e suas ações costuraram a história desta cidade. É nelas que reside o encantamento de cada edifício que ilustra as páginas dos três livros que formam esta coleção.
Se o grande motivo de existir da cidade é o encontro, foi também se encontrando e trocando experiências que cidadãos como nós fizeram e continuam a fazer cidade.
Tenhamos a consciência de que são necessários diversos fatores para a construção de qualquer obra. É neste conhecimento que reside a capacidade de transformar esta cidade na qual queremos, ]cobrando o poder público, direcionando a iniciativa privada, discutindo a leis de uso do solo, exigindo e participando da educação em todas as suas esferas.
Se há três anos voltamos a nos encantar com a arquitetura desta cidade, hoje suas mais recentes construções - o SESC 24 de Maio e a sede paulista do Instituto Moreira Salles -presentes neste volume, mostram que caminhamos, ainda que lentamente, para um futuro promissor.
Este é o terceiro e último volume da série Prédios de São Paulo, que promoveu uma intensa e frutífera troca de experiências, e ajudou a trazer arquitetura e cidade de volta à conversa.
Com certeza haverá mais prédios para mais livros, desde que usemos a inspiração dos exemplos que nos foram dados para construir espaços que funcionam.
Sejamos os sujeitos das ações que erguerão mais edifícios que admiramos, onde felizes continuaremos a nos encontrar.